Plano de carreira, 4 dayweek, promoção, premiação ou bonificação, são algumas das ferramentas para fazer com que os times se mantenham atualizados, competitivos e engajados
Por Thiago Tifaldi
Vamos direto ao ponto: prestação de trabalho, presencial, híbrida, ou telepresencial quem é que não gosta se sentir prestigiado, receber, por seus colegas de trabalho ou por seus líderes, reconhecimento!?
O reconhecimento pode vir ou por meio de uma promoção, ou em virtude de premiação ou de bonificação.
Empresas há em que o plano de carreira é estruturado de tal maneira que, a cada avaliação de desempenho, ou a cada reunião de feedback, ou de alinhamento (cada empresa tem a sua nomenclatura), o trabalhador tenha acesso a métricas de performance comparativo de resultados individuais e coletivos, permitindo que obtenha ranqueamento.
Às vezes, a depender da cultura organizacional e do ambiente de trabalho, ranqueamento pode significar estar empregado ou desempregado, se a empresa adotar como critério a alta rotatividade. Nesse caso, é bom verificar se a cultura organizacional da empresa em que está trabalhando se baseia no medo, na insegurança.
Conheci ambientes de trabalho em que o feedback era totalmente proforma, direcionado apenas aos trabalhadores, sem que houvesse plano de carreira estruturado, promoção ou mesmo bonificação pelo atingimento de resultados.
A seguir ao feedback vinha o paredão, a fatídica reunião em que, a cada telefonema na mesa de trabalho, sabia-se quem sobreviveria a mais um ano no escritório.
Também conheci cultura organizacional do compadrio, ou da camaradagem, em que as promoções ou bonificações eram direcionadas segundo critério temporal, apenas e tão somente, ou promoção por antiguidade.
Cultura refratária das especializações, dos cursos, ou de currículos pessoais tendentes ao constante aprimoramento e à atualização.
No primeiro caso, como o feedback era apenas “para inglês ver”, antecedido pela cultura “do facão”, a antessala do corte, da alta rotatividade, ficava claro que o ambiente de trabalho não estava realmente preparado na formação de times, na retenção de talentos, ou mesmo em aprimorar os próprios quadros.
No segundo caso, como a promoção obedecia somente ao critério temporal, sem nenhuma meritocracia, ficava a critério do acaso que as lideranças formassem um time próspero, com pouca margem para o crescimento ou a inovação.
Não por acaso se tem falado muito do quietquitting, daquele trabalhador que, descontente com todas as circunstâncias relativas a seu trabalho, ou a cultura organizacional, aproveitou-se do regime de teletrabalho para desenvolver uma cultura reativa, que mantém a sua empregabilidade, mas com pouca entrega ou baixa produtividade.
Plano de carreira, 4 dayweek, promoção, premiação ou bonificação, feedback 360, jobrotation, são algumas das ferramentas ao dispor do setor de recursos humanos para fazer com que os times se mantenham atualizados, competitivos, engajados, motivados, numa era em que a saúde mental tem dado a tônica nas relações de trabalho e emprego.
Nunca se falou tanto em síndrome de burnout, em síndrome do impostor, ou de outras doenças ocupacionais que tem retirado muitas pessoas do mundo do trabalho, impactando até mesmo no convívio social com familiares e amigos. Voltarei ao tema na próxima coluna com o direito à desconexão.
Thiago Tifaldi é advogado e consultor jurídico, especialista em Direito Constitucional, com ênfase em Direitos e Garantias Fundamentais e mestre em Ciências Sociais, com ênfase em Política.
Contato: thiagotifaldi@adv.oabsp.org.br