Feira de Embu das Artes: Um patrimônio cultural imaterial brasileiro

setembro 25, 2023

Município também abriga um dos espaço de maior importância cultural de sua região, o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas

Por Thiago Tifaldi

Conheci a Associação dos Expositores da Feira de Embu das Artes – AEFEA em meados de 2022, nas dependências da Faculdade de Embu das Artes – FAEM, por ocasião de exposição organizada para apresentar Design ao público, novo curso de graduação que seria ofertado na instituição de ensino superior.

Entre a arte e o artesanato de Embu das Artes no saguão exibida, foi nesta ocasião em que conheci a Anailsa de Carvalho Rodrigues, a Ana, além dos dragões elaborados por Alexandre Golin, cujas peças expostas impactaram minha memória de tão exuberantes e majestosas as suas asas.

Soube a seguir que a Ana, assim como o Alexandre Golin, são expositores da Feira de Embu das Artes, município situado na região sudoeste do Estado de São Paulo, entrecortado pela Rodovia Regis Bittencourt – BR 116, classificado com estância turística. Além de expositores, Ana e Alexandre são associados da AEFEA desde a sua gênese, em 2018.

Até então, o pouco que conhecia de Embu das Artes se resumia a algumas visitas que havia feito à Feira, lá pelos anos 2000, e a uma mesa de madeira maciça que abrigou tanto a minha preparação para os vestibulares quanto os primeiros anos da graduação na faculdade de Direito, surrupiada de uma tia que havia se casado e se mudado da casa dos meus avós, naquele limbo de uma decoração interior que conferisse destino ao móvel de madeira em minha posse.

Não posso deixar de registrar que, ao longo desses anos 2000, surgiu uma de minhas rádios FM preferidas (a KISSFM 102.1) e, entre os anunciantes que começaram a veicular pela rádio, conforme crescia, uma casa de espetáculos [O Garimpo] situada na rua da Matriz, no Centro Histórico de Embu.

Embu, porque, apesar de ser conhecida nacional e internacionalmente pelas artes e pelo artesanato, foi somente em 2011 que a cidade, após plebiscito, teve a sua denominação oficialmente alterada, de “Embu” para “Embu das Artes”, o que finalmente fez jus à tradição de muitos artistas e artesãos que emprestaram e emprestam o seu talento e a sua criatividade desde os anos 1960, quando ainda era Feira Hippie.

Saberes ancestrais que qualificam a Feira de Embu das Artes como patrimônio cultural imaterial brasileiro, qualificação que veio sob a forma de lei estadual [LEI 17.333/21] e municipal [LEI 3.272/21, década seguinte, notícia festejada em meio ao contexto em que ambas foram publicadas, emergência de saúde pública global provocada pela pandemia de covid-19.

Voltei a Embu das Artes em 2023. Voltei a frequentar a Feira de Embu de Embu das Artes. Em uma das muitas visitas que fiz, fui visitar o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas – MASJ, localizado no Largo dos Jesuítas, complexo religioso edificado pela Companhia de Jesus, ordem religiosa que chegou ao Brasil nos séculos XV e XVI, responsável pelas edificações que compõem o Pateo do Collegio.

E a cada vez que visito a Feira de Embu das Artes, observo que a sombra que o MASJ projeta sobre a Feira de Embu das Artes quer contar a sua história, propondo diálogo de maneira simbiótica para sussurrar que o patrimônio cultural brasileiro que a cidade abriga se agiganta ainda mais, como se desbotada fotografia de artistas e artesãos que estendiam sua arte sobre as calçadas do Largo dos Jesuítas em panos viesse à tona, tal como fantasmagoria.

A propósito, o MASJ é o primeiro patrimônio cultural material tombado. Conexão transcendental, que liga a Vila de São Paulo e Piratininga a M’boy, no tempo em que o Estado de São Paulo poderia ser divido didaticamente em três estamentos: o índio, o missionário e o bandeirante.

No mais, visite Embu das Artes, visite o MASJ [patrimônio cultural material brasileiro], visite a Feira de Embu das Artes [patrimônio cultural imaterial brasileiro] aos finais de semana e feriados nacionais: https://feiradeembudasartes.com.br/

Thiago Tifaldi é advogado e consultor jurídico, especialista em Direito Constitucional, com ênfase em Direitos e Garantias Fundamentais e mestre em Ciências Sociais, com ênfase em Política.