A chamada “hiperconexão” pode acarretar efeitos colaterais, incluindo insatisfação com a própria vida
Por Thiago Tifaldi
De acordo com a sinopse, no século 21, uma corporação desenvolve clones humanos para serem usados como escravos em colônias fora da Terra, identificados como replicantes. Em 2019, um ex-policial é acionado para caçar um grupo fugitivo vivendo disfarçado em Los Angeles. Trata-se de Blade Runner: o caçador de andróides.
BladeRunner foi lançado em 25 de dezembro de 1982 (Brasil), dirigido pelo aclamado Ridley Scott (diretor de Gladiador, Alien: o oitavo passageiro, entre outros); teve continuação em BladeRunner 2049, música composta por Vangelis e foi adaptado do livro Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick.
A icônica música tema de Blade Runner: o Caçador de Andróides, de Vangelis, você poderá ouví-la na abertura da atual turnê da banda britânica de heavy metal Iron Maiden, intitulada Pastand Future Tour.
Mas vamos direto ao ponto: o que andróides, ovelhas elétricas, Blade Runner, Iron Maiden teriam a ver com a coluna, sobretudo com os recentes temas desenvolvidos, teletrabalho, desconexão?
Os efeitos colaterais da hiperconexão, assunto que até mesmo as letras da banda britânica de heavy metal tem se dedicado ao revisitar clássicos da literatura universal como O Senhor das Moscas, Admirável Mundo Novo, Duna [todos eles ou são títulos de músicas ou deram nomes a seus álbuns, singles, turnês]: o dano existencial da solidão!
Entre esses efeitos da hiperconectividade, segundo destaca estudo do blog Vida Saúdável, constam problemas como: insatisfação com a própria vida pela comparação com as de outras pessoas; Medo de julgamento e ataques por conta do conteúdo postado em seus perfis, inclusive um sentimento de cobrança para se manter ativo online.
A matéria sobre IA pode ser encontrada em https://gizmodo.uol.com.br/estudo-sugere-producao-de-robos-com-ia-para-combater-solidao-humana/ :
“De acordo com um estudo de pesquisadores da Austrália e dos EUA publicado na revista científica Science Robotics na quarta-feira (12),há chances de que robôs com IA possam aliviar as consequências da solidão.”
É claro que ainda estamos bem distantes da realidade imaginada por Philip K. Dick, de carros voadores e replicantes, mas é bom que se diga que a Embraer já está desenvolvendo o seu carro voador para 2026; a que as técnicas empregadas em machine learning estão cada vez mais aperfeiçoadas, retirando cada vez mais postos de trabalho em pesquisas sobre Inteligência Artificial e mercado de trabalho.
Evidentemente que o DeLorean não foi visto em 2015, e ainda não temos tênis cujos cadarços amarram-se sozinhos, nem jaquetas autoajustáveis ao corpo, nem a ficção científica mais realista previu que chegaríamos a 2020 com uma pandemia de proporções inimagináveis, que catalisaria muitos processos talvez imaginados por Júlio Verne.
De outro lado, já temos a novilíngua, a pós-verdade das notícias falsas, ou Fake News, para uma releitura do Big Brother de George Orwell, autor de 1984, a nos demonstrar que o preço da nossa liberdade pode estar em nossa eterna vigilância.
Em todo o caso, a literatura está aí a nos inspirar a viver uma vida plena, a termos aquilo que os especialistas cada vez mais têm chamado de tempo de qualidade, que envolve uma capacidade enorme de desconexão, de busca de uma existência com propósito cada vez mais elaborado, com pitadas de meditação, contemplação e retiro para reabastecimento e reconexão com a saúde mental.
Aproveite as férias! Leia um bom livro, como diria um professor meu de faculdade: releia os clássicos (de preferência, livro físico para não desfocar). No passado pode estar o segredo para o futuro, ou, já dizia renomado autor, quem controla o passado controla o futuro.
Contato: thiagotifaldi@adv.oabsp.org.br