Por Thiago Tifaldi
Você saberia dizer qual a semelhança entre um técnico de futebol, um supermercado multinacional e uma liga estrangeira de futebol? Não precisamos citar os nomes, nem de tê-los na ponta da língua por meio dos noticiários de atualidades, mas gostaria de chamar a sua atenção para o aspecto em comum a cada um dos exemplos.
Seguindo a linha editorial desta coluna, continuaremos a explorar alguns aspectos do mundo do trabalho, mas desta vez o ponto será imagem, identidade e reputação conceitos intimamente relacionados com diversidade e inclusão, bandeiras hasteadas por muitos empregadores e por muitas empresas na atualidade.
Quanto ao conceito de identidade, observe o seu RG, o seu curriculum lattes (acadêmico) ou seu curriculum vitae (profissional). Assim como a foto 3×4 que confere a você caracteres únicos que o distinguem de outras pessoas físicas, as mudanças são perceptíveis ou pela ação do tempo ou pelo conjunto de habilidades e/ou certificações e titulações que você adquire ao longo de sua jornada. Ou seja, você existe, você é.
Quando interagimos com outras pessoas físicas, esse relacionamento interpessoal, seja ele de curto, médio ou de longo prazo, cria no outro uma imagem sua, uma percepção, uma expectativa do que você é capaz de fazer ou de realizar. O conceito de imagem demanda alteridade, o outro ou os outros, ou da forma como eles veem você. Ou seja, é que você parece, é o que você imprime.
A interação constante, o relacionamento interpessoal cotidiano forma nos outros o somatório entre identidade e imagem, acumulado de expectativas e de percepções que formarão o conceito de reputação. Ou seja, é esperado que você, em determinadas condições de temperatura e pressão, normais ou anormais, aja seguindo alguns parâmetros.
Com relação às empresas, o mesmo acontece. Elas formam um repertório no mercado ou por meio de missão, visão e valores, também difundido em dois pilares, propósito e valores, que são, grosso modo, uma aplicação dos conceitos de identidade, imagem e reputação.
Por isso, as empresas estão cada vez mais criteriosas em formar o seu banco de talentos, ou mesmo quando ocorrem processos seletivos para admissão ou em processos de demissão, que cada pessoa física possa desempenhar ou performar de maneira mais integrada, como se fosse um time.
Vamos ao ponto, desta vez aos exemplos:
Observe como a imagem que determinado técnico de futebol foi desconstruída, a ponto de sua reputação resvalar no time de futebol que o contratou. Temos o somatório de conceitos, identidade e imagem, que formam o caráter subjetivo da reputação, em contraposição à reputação de um clube de futebol.
No segundo caso, um supermercado multinacional bem conhecido do público brasileiro esforçando-se cada vez mais para que a segurança patrimonial, terceirizada ou não, não macule a sua imagem e, principalmente, a sua reputação junto ao consumidor cada vez mais exigente quanto à responsabilidade social.
E, no último exemplo, famoso jogador de futebol brasileiro, vítima de constantes ataques racistas no estrangeiro, a conseguir engajamento não somente da liga de futebol de seu time, mas repercussão diplomática que somente o soft Power do futebol é capaz de realizar para a mudança de atitudes e comportamentos menos discriminatórios.
Identidade, imagem e reputação, conceitos que se forem bem compreendidos e bem elaborados, sem dúvida te colocarão no top of mind.
Thiago Tifaldi é advogado e consultor jurídico, especialista em Direito Constitucional, com ênfase em Direitos e Garantias Fundamentais e mestre em Ciências Sociais, com ênfase em Política.
Contato: thiagotifaldi@adv.oabsp.org.br
